Paciente autista: o que muda no atendimento odontopediátrico
O tratamento odontológico do paciente autista é exatamente igual ao de qualquer outra criança. Inclusive, o acompanhamento odontológico para as crianças com autismo é muito importante para o resultado de outros tratamentos.
A diferença está no atendimento e na acolhida, que depende do entendimento sobre as necessidades e dificuldades do paciente autista. Por isso, é importante que o profissional conheça um pouco sobre o transtorno e bastante sobre a criança em questão.
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Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O autismo impacta habilidades de comunicação e interação social, em graus que vão do leve ao moderado. O transtorno é identificado nos três primeiros anos de vida e atinge, em média, uma menina para quatro meninos. Entretanto, o comprometimento nas meninas costuma ser mais grave.
A criança autista tem dificuldade em seu relacionamento com o mundo e costuma manter rotinas e rituais próprios. Além disso, pode evitar o contato visual, ter pouca ou nenhuma expressão verbal e possuir aversão a contatos físicos. Em alguns casos, apresentam também movimentos estereotipados e hipersensibilidade, especialmente em relação à visão e à audição.
No consultório, as principais dificuldades encontradas pelo dentista estão relacionadas à recusa do paciente autista às solicitações feitas. De fato, a criança não abre a boca, tem medo e chora. Essas reações podem, ainda, ser ampliadas pela ansiedade dos próprios pais.
Tratamento odontológico em paciente autista
Devido ao fato da criança portadora de autismo apresentar outras dificuldades, o tratamento odontológico costuma ser considerado menos importante. Por isso, os pais deixam para visitar o odontopediatra quando identificam um problema ou a criança atinge os sete anos.
A familiarização com o consultório odontológico desde cedo, no entanto, previne procedimentos mais invasivos e promove facilidade de ambientação. Quando isso não acontece, o tratamento é mais impactante e a rejeição da criança é maior. Em muitos casos, há até mesmo a necessidade de utilização de anestesia geral.
Procedimentos que demandam maior tempo de execução, portanto, deveriam ser realizados depois de estabelecida uma rotina odontológica. Tecnicamente, o tratamento para autistas não é diferente, mas a abordagem demanda cuidados, sensibilidade, conhecimento, recursos lúdicos e reforço positivo.
Boas práticas para a abordagem odontológica ao paciente autista
A primeira e fundamental recomendação é o diálogo entre o profissional e os pais, para troca de conhecimentos. Do mesmo modo que o dentista informa sobre importância e formas de prevenção, recebe informações cruciais sobre o paciente autista.
Os pais devem procurar se precaver contra tratamentos complexos, ensinando ao paciente autista as técnicas de higiene bucal. A criança deve se familiarizar, não apenas com o consultório, mas também com o odontopediatra, iniciando as consultas desde pequena.
Paciência, tranquilidade e equilíbrio
Tanto a decoração, com uma apresentação visual agradável, quanto a comunicação, devem proporcionar tranquilidade e equilíbrio. Com paciência, é possível construir um bom relacionamento com o paciente autista, mesmo que possua um comprometimento severo.
Para isso, o profissional deve colocar-se no lugar da criança e, constantemente, reconhecer e motivar seus esforços e resultados. Além disso, deve procurar se manter sempre na altura do olhar da criança, estimulando o contato visual.
Recursos auxiliares
Vídeos que reproduzem sequências de ações sobre o que se quer ensinar são ótimas ferramentas com um paciente autista. Ao assistir, ela vai se aprendendo os procedimentos, enquanto se acostuma com o local e os utensílios usados no tratamento. É, também, um ótimo recurso para a automatização das rotinas de prevenção, como a escovação e o uso do fio dental.
Jalecos coloridos, desenhos na decoração, óculos grandes e cores chamativas (sem exagero) podem atrair a atenção do paciente autista. Além disso, o lúdico pode ser utilizado na aprendizagem, através de estratégias como, por exemplo, o uso de fantoches. Porém, um elogio de motivação deve seguir cada etapa realizada com sucesso.
Pacientes autistas costumam ter aptidão musical, por isso adaptar letras de música para ensinar também é uma boa ideia.
Tratamento diferenciado ao paciente autista
Apesar dos procedimentos técnicos serem os mesmos, o tratamento com um paciente autista exige um profissional disposto e empático. Afinal, ele deve adaptar métodos e técnicas de abordagem, de acordo com as características do seu paciente autista.
É necessário levar em consideração, por exemplo, a idade, o grau de severidade da síndrome e as habilidades específicas em cada caso. Acima de tudo, o paciente autista deve ser atendido sempre pelo mesmo profissional e no mesmo consultório.
Os contatos físicos, e até mesmo determinados sons, podem transformar-se em tortura para esses pacientes. Até mesmo o uso de perfumes pode incomodar o paciente autista e dificultar o tratamento.
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